O presente projeto tem como objetivo desenvolver um memorial digital sobre a história do bairro de Pirajá, localizado na cidade de Salvador, estado da Bahia, e as suas potencialidades de aplicação para o ensino de história. Em experiências em sala de aula nas escolas da localidade, percebe-se um conhecimento não aprofundado sobre a sua história, contemplando somente o período das guerras da independência da Bahia, em virtude disso o trabalho visa justamente suprir essa necessidade, tanto dos professores com a aplicação do memorial em sala de aula, da comunidade que sente um forte pertencimento e anseia constantemente conhecer melhor seu lugar e que a sua história seja preservada, e por fim sobre quando da própria historiografia baiana que pouco contempla os locais suburbanos da cidade.
A Localidade de Pirajá, antes povoadas por comunidades indígenas Tupinambás¹, foi logo ocupada no período da chegada dos portugueses na Bahia, por se tratar de uma localidade com grande potencial econômico e dispunha de todos os atrativos para o estabelecimento e produção de açúcar. Posteriormente, a localidade vai ser um dos palcos dos confrontos entre portugueses e brasileiros pela independência do Brasil na Bahia. O Presente estudo visa responder inquietações em relação a como se deu o processo de ocupação portuguesa e como se deu o processo de constituição da Freguesia de São Bartolomeu de Pirajá? Tendo em vista que essas áreas até a primeira metade do século XVIII fazia parte do Recôncavo da Bahia² (dada a sua distância da primitiva cidade do Salvador e a fácil conexão com o recôncavo através do mar). Ao longo do tempo, a historiografia baiana pouco contemplou as localidades suburbanas de Salvador, sendo trazidos alguns relatos de viajantes e memorialistas, que escrevem e descrevem um pouco de sua passagem por essas localidade, e muitos autores que considerando essas localidades menos influenciadoras no contexto social da cidade, fazendo assim raríssimas citações em suas obras. Recentemente, a historiografia tem mudado essa visão e vem fazendo emergir do silêncio, os sujeitos desconhecidos das localidades desta cidade de Salvador.
A Freguesia de São Bartolomeu de Pirajá, que constitui-se como a área de estudo desta pesquisa tinha como sede o atual bairro de Pirajá e dentro da sua delimitação possuía áreas que correspondem aos atuais bairros de São Caetano, Largo do Tanque, Castelo Branco, Cajazeiras, Pau da Lima, São Marcos, Região da Paralela até próximo a Freguesia de Santo Amaro do Ipitanga, localizada na atual região entre o bairro de Itapuã e a cidade de Lauro de Freitas.
Para isso foi realizada uma pesquisa documental e bibliográfica para compreensão do contexto de Salvador e da freguesia de São Bartolomeu de Pirajá no período de estudo. Dentre as fontes estão os documentos publicados pela revista “Documentos Históricos” da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, onde estão transcritas grande parte da documentação sobre o início da colonização portuguesa no Brasil, além das publicações realizadas pela revista do Instituto do Açúcar e do Álcool - IAA, instituto fundado pelo presidente Getúlio Vargas no período do estado novo e que contribuiu para a produção historiográfica sobre a história do açúcar até a década de 1990 quando foi extinta.
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¹ MATTOS (1987)
² SCHWARTZ (1998)